terça-feira, dezembro 04, 2007

A teoria unificadora

Este texto do Alon é muito interessante. Vale a pena ler um pouco sobre nossos "liberais democratas"

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segunda-feira, dezembro 03, 2007

Foi melhor assim

Ótimo texto do Eduardo Guimarães, que diz bem melhor o que eu disse abaixo:

Claro que em disputas polarizadas, em que os dois lados (pró e contra) estão metidos em provocações e até em atos mútuos de violência um contra o outro, ninguém quer perder. Mas, refletindo sobre a derrota da proposta de Hugo Chávez de reforma da constituição de seu país, acabo percebendo que, até para o presidente da Venezuela, o resultado do referendo de ontem foi o melhor.

Em primeiro lugar, temos que ter em conta que ficou provado que a Venezuela é uma democracia. Claro que os fundamentalistas de direita dirão que não é bem assim, mas os mais lúcidos, de direita ou de esquerda, perguntar-se-ão sobre alguns pontos do discurso reacionário:

1º - Como fica a acusação de que as vitórias eleitorais anteriores de Chávez decorreram de fraudes?

2º - Como fica a acusação de que o sistema político venezuelano havia sido montado para sempre favorecer o governo?

3º - Como fica acusação de que Chávez é ditador diante do fato de que ele, como sempre afirmou que faria, acatou resultado eleitoral desfavorável?

São só algumas das perguntas que serão feitas pelas mentes lúcidas. Há pessoas que querem respostas aprofundadas. São aqueles que, diante de polêmicas, querem ver qual é a lógica que fundamenta esta ou aquela posição. Essas pessoas são maioria? Digo que não são, mas cada honesto intelectual torna-se difusor da verdade, com exceção daqueles que sabem que um fato é verdadeiro mas que negam que seja devido a interesses próprios, corporativos ou ideológicos.

O mais importante em tudo isso é que, pensando bem, acho que foi melhor assim. Se Chávez vencesse - e ele perdeu, até por ter dito que a vitória ou derrota de sua reforma constitucional seria uma vitória ou derrota própria -, a oposição, que é a verdadeira força ditatorial na Venezuela por tentar dar golpes de Estado e nunca aceitar a vontade da maioria quando perde eleições, iria para o confronto nas ruas, como já havia anunciado, o que geraria violência e mortes. Esse, inclusive, é um dos motivos que gerou a derrota de Chávez, pois há notícias, ainda não explicadas, de "debandada de milhares de chavistas" durante a votação de ontem.

A derrota eleitoral de Chávez também servirá para moderá-lo. Pelo menos, é o que se espera. Mas não deverá ser diferente disso, pois está claro que sua subida de tom, que os enfrentamentos retóricos em que se meteu no período que antecedeu a eleição, foram contraproducentes.

O que é democracia? É o democrata conviver com a derrota com a mesma serenidade com que convive com a vitória. É aceitar a vontade popular e buscar, dentro de suas razões, o ponto em que falhou. Também é claro que, no caso de um Brasil, por exemplo, a vontade popular é freqüentemente manipulada pela mídia, que consegue açular preconceitos e induzir a percepções erradas da realidade. Mas, na Venezuela, os dois lados têm mídia, pois Chávez montou um aparato de comunicação para se contrapor à apropriação do aparato midiático privado por seus adversários.

O mais impressionante de tudo isso é que justamente Chávez, tão acusado de ser ditador, demonstrará que é um verdadeiro democrata ao aceitar a decisão do povo como ditador nenhum faria. E o mais importante é que ficou provado que o sistema político venezuelano funciona e que não foi montado para favorecer sempre ao governo coisa nenhuma.

Também vale refletirmos sobre a importância do fato de que foi barrada uma tentativa de se constituir a primeira democracia socialista sul-americana da contemporaneidade. Fica mais clara a inviabilidade de se tentar implementar o socialismo nesta parte do mundo - ao menos neste momento. Se nem no país mais alinhado a propostas socialistas na América Latina conseguiu-se implementá-la de fato, não se imagina que se conseguirá fazê-lo em outros países onde a ideologia esquerdista é mais fraca.

Se a direita latino-americana se satisfizer com a derrota de Chávez e entender que o melhor é deixar que ele termine seu mandato em paz e se vá, todos ganharão. Contudo, há o risco de a direita querer incluir a derrubada do governo venezuelano em sua vitória. E isso porque os adversários do chavismo é que são os ditatoriais. Se isso ocorrer, quem pagará, como sempre, será o povo.

Para concluir, quero dizer que um dos atos mais nobres e democráticos que vi na minha vida foi Chávez cumprimentar seus adversários pela vitória. Ele é um grande homem. Admiro mais o presidente da Venezuela agora do que admirava antes.

*

Enquanto isso, uma quantidade de micos foram pagos por jornais como o Estadão e a Folha e pela vitoriosa oposição venezuelana, que já preparavam a não-aceitação da vontade popular. Vejam, abaixo, que gracinha essa notícia da Folha de hoje.

"Opositores não confiam no sistema de voto
DA ENVIADA ESPECIAL A CARACAS
Do lado dos opositores nas filas de votação ontem, o argumento para eventual derrota era o da fraude. Ontem, na fila de votação em Colinas de Bello Monte, um engenheiro químico andava de um lado para outro com uma garrafa de cloro, demonstrando como era fácil remover a tinta dita indelével usada como marcação do dedo mindinho de todos os eleitores que já haviam votado.
Essa tinta serve para evitar que uma mesma pessoa vote duas vezes, mas bastava mergulhar o dedo por cinco minutos no cloro para a tinta sumir.
"O problema da Venezuela reside no leste de Caracas [onde vive a população de alta renda], porque, para eles, somos marginais, desdentados, hordas de lúmpens e traficantes. Mas somos trabalhadores", diz Lesbia Sánchez, 48, economista, mestiça, chefe de sete Batalhões Socialistas e de sete batalhões de apoio.
No leste, Lana Pulis, 36, que trabalha com relações industriais, olhos claros e cabelos loiros, acusa os pobres de odiar os ricos. "Como eles nos odeiam, acabamos odiando-os também." (L.C.)"

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Que ditadura mole essa!

Ontem saiu o resultado do plebiscito venezuelano, com a proposta de Chavez rejeitada. Muito bom, pra mim tanto faz. O engraçado é ver uma ditadura que perde no voto e o ditador respeita o resultado da eleição. Talvez algo inédito na história da humanidade.
Pra mim isso é irrelevante, isso é problema deles lá na Venezuela. Eu não acho legal o que Chavez está fazendo, condiciona toda uma corrente política a sua pessoa, ou seja, ou é Chavez ou é a elite venezuelana. Também acho que ele fala demais, mas apesar disso é ele em que o povo venezuelano confiou no poder, tem que respeitar e não adianta ficar chorando na barra da saia da mídia ou do governo americano, tem ganhar no voto, como a oposição venezuelana fez agora, na primeira vez que não fez besteira em muitos anos.
Também é interessante ver a reaçada sem noção que, sem se mancar, comemora a derrota do “ditador”, e como eu disse antes, um ditador que se mantém no poder graças ao voto popular. Enquanto isso, os verdadeiros capitalistas estão ganhando dinheiro a rodo na Venezuela...

PS. Antes que venha alguma alma caridosa vir me alertar algo contra a lisura das eleições venezuelanas sobre qualquer coisa, mas qualquer coisa mesmo, entre em contato no endereço abaixo antes de vir aqui encher o saco. Esse pessoal anda procurando faz tempo...

U.S. Department of State 2201
C Street NW
Washington, DC 20520

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